Sobre as incoerências do cotidiano

Engraçado (só que não) como a gente às vezes (quase sempre) cala um tanto de coisas e sai carregando conosco uma bagagem de frases não ditas, discussões não finalizadas, problemas e assuntos não resolvidos.
Já perdi a conta de quantas vezes testemunhei a incoerência acontecendo bem diante de mim e nem sempre pude me expressar, quase engasgando. Veja só:
De pessoas que se martirizavam por não poder amar, ouvi que meus olhos são vazios assim como meu coração.
De quem deixa em branco as páginas do que diz amar, ouvi que meus textos também são vazios (reflexo dos meus olhos e coração? Não sei…).
De pessoas que nem sabem o que faço e quais são meus resultados, ouvi que não sou boa profissional.
De pessoas que me cercavam com comentários e elogios enquanto eu me reservava o silêncio simplesmente por não ter nada de verdade a dizer, ouvi que sou traidora.
De pessoas que propagam o amo próprio, auto aceitação, autoestima e que lutam contra sua própria imagem no espelho por motivos alheios a sua própria vontade, já ouvi que pareço velha, feia e gorda (quão baixo o “ser humano” vai não é?).
De pessoas que se inteiram das minhas produções e não olham ao redor exatamente por se acharem o centro de tudo, ouvi que meus escritos e inspirações se baseiam num único tema/pessoa.
E já ouvi também que minha consciência pesada (a que julgam que eu tenho) um dia me adoecerá e cobrará um preço. Recebi esse comentário vindo de pessoas que são capazes de fazer justamente esse tipo de “acusação” (que está mais para um praga…) que não lhe deve sair da memória.
Dentro da cabeça todas essas conversas, discussões e resoluções existem e enquanto não verbalizamos (pela voz ou papel), pelo menos pra mim, continuam lá. Vamos deixando passar uma coisa ou outra, por um motivo ou outro e vamos seguindo e nos submetemos a esse tipo de experiência.
Sigo no aguardo de quantas incoerências mais ainda vão ser jogadas ao vento que me cerca, jogando malabares com o que tenho recebido equilibrando o meu desejo, a satisfação do outro e a loucura alheia.

Rio das Ostas (6)
Foto: Raquel Núbia – Rio das Ostras/RJ

Raquel Núbia

26 respostas para “Sobre as incoerências do cotidiano”

  1. Raquel, a Núbia. Poético o vosso nome. Sai bem e se acomoda bem à boca.
    Andei lendo o que você escreve. Continuo lendo. Sinto em você uma pedra boa. Você me perdoe, releve a brevidade. Mas continuarei a ler o que você escreve, Raquel, a Núbia, do nome poético. Um grande abraço.

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  2. Todos somos incoerentes. Cedo ou tarde. É da nossa natureza. As razões são muitas. Visão limitada daquilo que nos cerca. O tempo. O humor. As experiências. A assimilação do discurso, mas não da prática. E por aí vai…
    Penso que se compreendermos isso, fica mais fácil viver. As vezes 🙂

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  3. Olá!! Peço licença para divulgar meu blog aqui. Acabei de fazer e postarei sobre todo tipo de inspiração. Textos motivacionais, dicas de beleza, faça você mesmo.. enfim. Espero que goste!! Obrigada 💮

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