“Ponto&Vírgula” – Post 10

Do clichê: Todo excesso esconde uma falta

Quanto mais a gente se conhece, mais consegue identificar situações, prever reações e saber o que vamos sentir e o que estamos sentindo. Mas nem sempre isso é suficiente para evitar algumas coisas, apenas podemos nos preparar para enfrentar as coisas da melhor forma que for possível.
Todo mundo tem uns momentos em que fica meio desanimado, cansado das coisas, chateado até mesmo “sem motivo” e tudo bem. Apesar do mundo e das pessoas cobrarem uma felicidade constante, interminável, tá tudo bem ter um tempo para não se sentir feliz.
Mas, como eu escrevi acima, quanto mais a gente se conhece, mais consegue saber se o tempo que estamos “pra baixo” está ou não dentro da normalidade. Com as ferramentas certas dentro da gente não é difícil diferenciar aquele cansaço e aquela tristeza comum daquela que faz mal.
Quem já sofreu ou sofre com depressão/sintomas depressivos, sabe que há uma luta constante para não voltar para esse buraco depois que já se saiu dele. Tem hora que essa luta é árdua e demanda muito esforço, em outras a gente nem lembra. A tendência é ficar sempre mais fácil e mais orgânico a medida que vamos nos fortalecendo.
Falar sobre isso é um tabu, pois existe todo um estereótipo por trás disso. Grande parte das pessoas ainda acha que quem é deprimido está trancado num quarto escuro, vestindo preto, com olheiras e ouvindo Radiohead.
Grande parte das pessoas ignora o fato de que quem é deprimido pode não se encaixar nessa forma, que existe, mas que não é a única.
Quem é deprimido também trabalha, sai com amigos, viaja, namora, vai a festas, posta memes e fotos bonitas, sorri, é sociável… Uma coisa não exclui a outra e, novamente, tudo bem. Uma pessoa pode sim fazer tudo isso e, ainda assim, se encaixar no diagnóstico depressivo, afinal são tantas as suas formas de manifestação que fogem se der somente a tristeza:

Cansaço, desânimo, dificuldade em sentir prazer com situações que antes eram prazerosas, irritação, dificuldade de tomar decisões, alteração nos padrões do sono e/ou apetite (dormir demais ou de menos, comer demais ou de menos), sensação de culpa, insegurança, isolamento social ou muita necessidade de contato, choro fácil, tristeza “sem motivo”… Veja só quantas possibilidades… Tudo isso manifestado por um período maior de tempo, indica sim um sinal de alerta. Entretanto, nem sempre isso significa que a pessoa não tem condições de continuar realizando suas atividades. Às vezes sim, às vezes não.

Os sintomas podem afetar o indivíduo em diversos graus e de diferentes maneiras, mas uma coisa é certa: todos precisam de cuidado, atenção e tratamento profissional.
No geral, todo nós lutamos nossas batalhas internas e externas e nunca sabemos totalmente pelo que o outro está passando. Ser/estar feliz ou triste não é algo exclusivo a nós, todos sentem, por isso é preciso ter cuidado: temos o poder de despertar o pior e o melhor nos outros.
Já parou pra pensar em como é ter todos os motivos para se sentir feliz e simplesmente não se sentir? Como é ter todos os motivos para se sentir animada, estimulada e ainda assim não se sentir?
Não é fácil…
Mas isso não significa que a pessoa seja fraca, incapaz, ingrata, etc. Isso significa apenas que se trata de uma pessoa que está doente e, portanto, precisa ser levada a sério em suas queixas na busca da recuperação/cura.
Simples. Mas muita gente tem dificuldade de compreender.
Nós temos a tendência de sentir medo daquilo que não conhecemos e de não acreditar naquilo que não vemos, ou naquilo que nunca experimentamos. Mas isso não nos dá o direito de questionar, julgar ou diminuir o outro.
Se você nunca sofreu com depressão, desconhece o peso que tem essa doença e seus sintomas: Sorte sua! Aproveite para exercitar sua empatia:
Capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela.

A empatia pressupõe uma comunicação afetiva com a outra pessoa, logo se você é incapaz de ser empático, isso diz muito mais da sua habilidade ou inabilidade de sentir afeto por outras pessoas e, se isso te impede de enxergar a dor alheia, acredite, a responsabilidade é sua e não de quem sofre com uma doença da qual você desacredita.

Esse estereótipo da pessoa depressiva isolada e catatônica complica ainda mais uma situação que já é delicada, pois qualquer atividade “normal” realizada é encarada como sinal de melhora ou como evidência de que tudo era frescura e “basta a pessoa querer” que tudo vai ficar bem, quando na verdade, não é nada disso. Se trata apenas de alguém vivendo o que a vida dá nos intervalos de manifestação de um sintoma e outro.
Assim como qualquer pessoa doente, esse quadro exige dedicação e isso. É difícil para as pessoas ao redor, eu sei… Conviver com alguém instável, “baixo astral”, não é tarefa fácil, mas é preciso se lembrar de que a pessoa não está assim porque quer e que já se sente culpada por afetar quem a cerca de maneira tão negativa e por não ser capaz de realizar suas tarefas triviais.
Se é a falta que mantém o indivíduo desejoso, seria então a falta do desejo de viver causada pela falta da falta?
São muitas as causas e muitas as formas de manifestação, o que é comum em tudo isso é a dor e ela existe, o vazio e ele existe. Só quem sente sabe, mas isso não impede que, quem não sente (que sorte!) se importe com quem sofre.
Outro dia me disseram: “Pessoas boas não deveriam se sentir pra baixo”, mas se sentem. Cada um tem um fardo diferente para carregar e, aos nossos olhos, o nosso é sempre maior, mas nunca saberemos como é para o outro. O que podemos fazer é imaginar.

É preciso ficar atento: Todo excesso esconde uma falta (amém Psicanálise), não julgue, não condene, não menospreze, afinal se você pensar um pouco ao olhar para dentro de si, qual será o seu excesso? Qual será a sua falta? Qual será o seu vazio? Como você manifesta tudo isso?

Não se engane. O que vemos do outro é apenas a ponta de um iceberg que mantém sua maior parte dentro do oceano e em águas turvas e revoltas são poucos os que se atrevem a mergulhar.

Raquel Núbia

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“Ponto&Vírgula” – Post 09

Quando a alegria é sintoma: relato de uma ciclotímica

Coisa mais maravilhosa estar feliz, bem humorada e com aquela disposição para fazer tudo o que se planejou por dias, tudo o que sua mente pensou, repensou e programou, mas que você ainda não tinha conseguido tirar de dentro do mundo dos pensamentos. Afinal, depois de algum tempo sentindo o cansaço e o desânimo do mundo todo repousado sobre os ombros, um dia de céu azul é sempre muito bem vindo.
Você se lembra se ficar feliz por estar alegre?
Ou somente vive seus momentos felizes habitualmente?
Aqui cabe um parêntese:

Quando digo “momentos felizes” não estou me referindo a realização de algo ou a comemoração de alguma vitória. Não. Estou me referendo aquele momento em que você consegue interagir com as pessoas ao seu redor, expressar suas opiniões com interesse, ter leveza para falar do que é importante, desfrutar do que é superficial… Aquele momento em que você pensa e consegue traduzir em ação, sem grande esforço, apenas porque é natural e você tem energia para isso.

Pois bem… Eu preciso me lembrar de me sentir feliz por estar alegre, simplesmente porque, dentro da Ciclotimia, a alegria é instável, rara e sem motivo:
– Instável: Assim como chega, vai embora;
– Rara: Nem tudo ou quase nada é fonte de alegria. Geralmente a vida transita em tons de cinza (sem trocadilho), porque nada é preto e nada é branco, apenas um meio termo quase constante.
Mas então você lê tudo isso e diz a si mesmo que isso é normal e que a maioria das pessoas vive e sente assim… E eu apresento o terceiro item:
– Sem motivo: Cada oscilação não vem acompanhada de um motivo. A alegria apenas existe. A tristeza apenas existe. Em alguns momentos a circunstância deveria ser de felicidade intensa, mas não é. Em outros, deveria ser de grande tristeza, mas não é. Existem ainda os momentos em que não se sente nada.
Vale ressaltar que essa oscilação é uma dançarina que baila várias músicas, ou seja, ela não vai só no ritmo da alegria e da tristeza… Ela dança os ritmos da positividade, desânimo, satisfação, negatividade… Uma mistura de ritmos… Oscila em todos os campos…
A quantidade de pressão que uma pessoa ciclotímica precisa administrar é considerável, pois enquanto você lida com todas essas questões que citei acima, quem está de fora te enxerga, geralmente, como uma pessoa temperamental, mal humorada… “Ontem tava mil amores e hoje não tá nem conversando”… Mal sabem todos eles o quanto é custoso manter tudo no equilíbrio e esse custo nem sempre permite uma interação de qualidade, por vezes não permite interação alguma!
Fora tudo isso, ainda há a questão do diagnóstico. Difícil diagnóstico…
Muitas vezes o foco do tratamento são os episódios depressivos, assim quando caímos no mar de sintomas que a depressão traz, todo o foco é voltado pra isso. Quando os sintomas depressivos passam e a “alegria” volta, entende-se que o episódio cessou e nós melhoramos. Fazemos o desmame dos remédios, vamos espaçando as sessões de terapia. Recebemos alta do tratamento.
Passa o tempo e acontece tudo de novo. Impossível não me questionar o que eu estava fazendo de errado. Onde estava errando. O que estava jogando para o mundo que o universo estava me devolvendo de tal forma? 3 grandes crises em um espaço de alguns anos. Crises realmente devastadoras, afastamento da faculdade, depois afastamento do emprego, relacionamentos correndo riscos, sofrimento individual e familiar sem tamanho, investimento financeiro assombroso com médicos e medicamentos, um total apagão na vida social e mental… Caos.
Em um consultório já velho conhecido, contemplo a face do meu médico me encarando novamente, com os mesmos sintomas, desta vez mais agudos. A sombra do seu rosto mostrava claramente o que sua mente pensava: “O que mais posso fazer para tratar uma depressão que sempre volta? ”.
Quando ele me disse que iria me encaminhar para outro profissional, a fresta de luz que eu guardava pelo transferência e confiança que sentia naquele homem, se apagou.
Outro profissional? Eu devia ser mesmo um caso sem solução. Se ele não sabia o que fazer, quem saberia?
A justificativa foi simples. Ele havia esgotado toda terapêutica que tinha em mãos e o sobrinho, médico psiquiatra, formado mais recentemente, teria à disposição novas linhas de tratamento para recorrer.
De frente a esse novo médico, fizemos a primeira tentativa e nada. Nenhuma melhora. Pra ser sincera, houve uma sensível piora. De frente com ele novamente, ele me pediu para repassar todo meu históric, desde o primeiro episódio, desta vez, pontuando as datas.
Quando finalizei ele apenas se recostou na cadeira, suspirou um pouco e disse que havia um padrão de tempo entre os fatos que eu narrava e esse padrão era determinante para confirmar o diagnóstico que ele suspeitava: Ciclotimia.

“A ciclotimia também conhecida como transtorno ciclotímico é uma perturbação do foro mental. É uma forma leve do transtorno bipolar, em que uma pessoa tem alterações de humor ao longo de um período dos anos que vão de depressão leve às altas posições emocionais. ” (Acho incrível a definição de “leve” nesse contexto, pois pra quem carrega o transtorno ele é bem pesado…).

De tudo o que ele me explicou, meu foco foi diretamente na parte em que ele dizia que a pessoa ciclotímica tem períodos de depressão, que eu bem já conhecia, e períodos de euforia, em que se sentia bem, disposta, por assim dizer, feliz.
Então era isso?!
Quando todos achavam que eu melhorava, inclusive eu, não era bem isso, a melhora não era melhora, pois a “felicidade” era um sintoma.
Claro que existem pormenores de diferenciação entre “felicidade” e “euforia”, entretanto, sentada ali, do lado de cá da mesa, na cadeira no paciente, minha visão era essa.
Desse dia pra frente foram ajustes e mais ajustes… Já de posse de um diagnóstico fechado foi mais fácil definir a medicação correta (comprimidinhos mágicos também conhecidos como bolas de demolição que te levam no chão pra somente depois te permitir erguer algo novo, novamente) e alinhar a terapia, já em curso.
Meses passaram e novamente saí da crise depressiva, a segunda pior de todas (sim, houve uma ainda pior e a falta de conhecimento e diagnóstico correto contribuíram para um período de quase 12 meses em fase depressiva profunda, acompanhada por uma síndrome do pânico incapacitante que congelaram quase totalmente minha vida por um ano). E todo o processo, desmame da medicação -> abstinência -> volta com a medicação -> redução de medicação -> desmame -> volta dos sintomas -> medicação -> desmame, se fez necessário. Três tentativas antes de conseguir o desmame total dos remédios e mais alguns meses de terapia.
Tive alta. Aleluia!
Apesar de ser uma alta relativa, pois o transtorno ciclotímico não tem cura, mas tem controle e, nesse cenário, a terapia tem um papel determinante na minha saúde mental e física, afinal, saber quais são meus sintomas e quais são seus gatilhos, é fundamental para identificar situações de risco e agir preventivamente. Me conhecer melhor foi, sem sombra de dúvidas, meu melhor remédio.
Sobretudo porque nossa mente é potente e, quando negamos sua fala, ela encontra um jeito de gritar. Seja por uma alergia, prurido constante nos olhos, infecções constantes, dores musculares, a somatização cumpre seu papel com excelência!
Já tentei mapear as oscilações de humor para tentar identificar um padrão, até mesmo suspendi o uso da pílula anticoncepcional para levar o mínimo a interferência hormonal nessas variações (frisando que não há comprovação da eficácia dessa decisão e que ela foi totalmente individual). Mesmo com as tentativas, foi em vão.
Obviamente, hoje já consigo saber claramente quais as situações tiram minha paz interior e para a grande maioria delas, tenho ferramentas muito eficientes para usar.
Para as situações com as quais ainda não tenho o que é necessário para transpor, me afasto. Saber a hora de se afastar do que ou quem tira sua energia não é egoísmo, é amor próprio. A gente precisa ser prioridade na nossa própria vida.
Foi necessária uma grande mudança na minha percepção do que ocorre ao meu redor (mudança que recomendo a todos!), pois o meu foco precisa ser mantido no que é positivo, em toda e qualquer situação.
Não posso me dar à chance de me apegar ao que é negativo, pois esse caminho, que para tantos é simples de trilhar, pra mim pode ser uma nova estrada sem volta. Não ficar nesse lugar comum da depressão não é fácil, acreditem, ela existe, é real e poderosa e por mais que nos faça sofrer e desejar não mais existir, ela me prende como uma área movediça, quanto mais me mexo, mais me afundo. É uma luta diária. Sem folga. Sem descanso. Basta uma pequena abertura e, pronto! Tchau bom humor, oi desânimo.
E não se enganem, é questão de pouco pra que isso aconteça, infelizmente.
Nisso tudo, sempre que acordo com o humor elevado, que consigo vencer o dia mantendo um fluxo normal e que, no próximo dia, consigo repetir tudo de novo, me lembro de ficar feliz por estar alegre.
Nessas interseções, onde um sintoma se cruza com outro, é necessário ser grata quando, apesar de estarem tão perto, o lado que puxa pra baixo, deixa de fazer tanta força e permite ao lado que puxa pra cima vencer, ainda que temporariamente. É necessário empregar toda a energia momentânea nos projetos e desejos que ficaram dormentes, a fim de realizar o máximo que puder, pois é sabido que esse sintoma disfarçado de alegria, vai passar. E vai voltar… E vai passar novamente.
O ser humano é um infinito. E como na Teoria do Iceberg, de Ernest Hemingway, o que absorvemos de uma pessoa, é apenas uma pequena parte que podemos observar, que está na superfície, o restante absorvemos de forma inconsciente, “sem perceber”. Nunca conseguimos ter acesso a um indivíduo em sua totalidade e precisamos ter sempre isso em mente antes de esboçar alguma “opinião” ou julgamento sobre quem quer que seja.
É o famoso quem vê cara não vê coração.
Quem vê sorriso, não vê as lutas diárias.
Quem vê produtividade, não vê o esforço que às vezes se emprega.
Quem vê realizações, não vê a insônia e as urticárias, e por aí vai.
Hoje, em um momento controlado, onde sei que é possível seguir o dia a dia de maneira mais sutil, me persegue a sensação de algumas pessoas buscam o contrário, ainda que não percebam.
Pessoas que, quando caem no buraco, praticamente pedem uma pá para continuar cavando, ao invés de olhar pra cima e buscar uma saída. Eu também não consigo ver o indivíduo total, mas sei que a tal mudança de percepção é um dos caminhos:

– Nós não somos as únicas pessoas do mundo. O mundo não gira ao nosso bel prazer ou desprazer;
– Algumas coisas ruins simplesmente acontecem;
– O que não depende de nós e do nosso esforço não deve nos tirar a paz. Faça tudo o que estiver ao seu alcance e, quando acabar, descanse.
– O hábito da especulação pode ser uma grande fonte de ansiedade. Trabalhe com as informações que você tem e assim vai evitar muito sofrimento desnecessário por coisas que talvez nem aconteçam. Deixe para atravessar a ponte, quando chegar nela.
– É necessário ser criterioso na escolha das pessoas que dividem nosso cotidiano conosco. Você pode até gostar e amar muitas pessoas, mas nem todas elas cabem na sua vida.

Diagnósticos e jargões à parte, é preciso aproveitar as oportunidades. Quem vive numa montanha russa, deve encontrar formas de se manter são nos altos e baixos, nos sacolejos, para que quando chegar a hora da pequena parada, esteja pronto para gozar dos momentos de paz, até que tudo comece novamente.
Não há linha definitiva de chegada e o caminho guarda curvas tortuosas, em meio a subidas e descidas do que é inevitável, é preciso saber encontrar maneiras de aproveitar a jornada.

Raquel Núbia

(Gostaria de ler mais textos assim? Deixe nos comentários!)

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“Ponto&Vírgula” – Post 08

Sobre a ausência da escrita e as certezas da vida

Domingo a noite e começou a cair uma chuvinha cheirosa por aqui.
Dias e dias que eu entro no Verba Volant, olho, respondo aos comentários e saio sem atualizar ou compartilhar nada. Houve um tempo em que eu me sentia culpada por deixar o blog às moscas e isso era baseado na expectativa do que os outros diriam sobre essa ausência.
Será que pensariam que não sei mais escrever? Que não tenho mais propósito ou inspiração?
Essa expectativa vinha muito forte devido ao senso de concorrência que eu tinha com algumas pessoas. Um grande despropósito, considerando que desde o início meu intuito sempre foi apenas compartilhar o que escrevo. Anteriormente nem sabia como interagir com outros bloggers, como escolher tags ou atrair novos seguidores… Aliás, só descobri os seguidores depois que algumas pessoas começaram a seguir o Verba Volant de forma espontânea.
Saber que existem pessoas por todos os lados que tem acesso ao que escrevo me traz uma sensação muito boa, um sentimento de reconhecimento que nem sempre tenho no meu trabalho ou em outras áreas da minha vida. É reconfortante saber que somos apreciados e que alguém é tocado de forma positiva pelo que fazemos.
Quem me acompanha aqui há tempo, sabe que em 2016 eu divulguei aqui o projeto de lançar um livro. Hoje esse livro está pronto, com as poesias escolhidas, diagramado, salvo no meu notebook e no meu e-mail, o registro na biblioteca nacional já foi feito… Para ser sincera, falta a produção da capa.
Esse assunto é algo que vive voltando à minha cabeça: “O que as pessoas que leram essa divulgação estão pensando? Que desisti?”
Não. Eu não desisti. Eu apenas repensei.
Quem escreve sabe que o investimento no lançamento de um livro de forma independente não é baixo e as propostas que eu tive de editoras excluíam quase toda minha participação no que o livro produzisse.
Fora isso, todo o engajamento emocional e planejamento.
Quando me peguei em meio a tantas decisões a tomar, percebi que minha motivação não estava correta. A materialização de algo tão importante pra mim estava escondida por traz do sentimento errado. Eu iniciei todo o projeto apenas baseada no desejo de cumprir essa meta antes que outra pessoa cumprisse… (para entender melhor, basta ir até o post “Calmaria” publicado em Setembro de 2016 e ler os comentários).
Quão mesquinho isso poderia ser?
Jogar algo desejado e esperado para o mundo apenas para tirar o prazer de que outra pessoa possa chegar a linha final antes de você?
Certamente se meus desejos estivessem cobertos pelos sentimentos do meu coração, meu livro já estaria impresso e distribuído. Mas sabe, os meus desejos estavam sim cobertos pelos sentimentos do meu coração, mas os sentimentos errados, pela raiva, pelo ódio, pelo sentimento de injustiça…
Pouco tempo atrás publiquei aqui sobre a leveza de conseguir falar das experiências passadas sem sentirmos as mesmas coisas ruins e isso culminou na minha vinda aqui essa noite para contar tudo isso que estou contando.
Curioso que o propósito dessa texto não era esse, não foi pensado.
Era para ser somente um “olá” de uma escritora cansada, consumida pelos afazeres de uma vida real que tem exigido bastante e tirado um pouco a energia para a vida virtual, incluindo a escrita.
E tudo bem.
Porque nem todas as tarefas cansativas são ruins, algumas delas exigem esforço justamente para que possam dar certo. Ser feliz dá trabalho e eu espero que, em breve eu possa vir aqui, novamente para contar o resultado desse esforço atual. Esforço mental e sentimental.
Alguns curativos foram removidos recentemente e olhar algumas cicatrizes foi doloroso, mas serviu como impulso para que eu pudesse ver que elas estão fechadas e que não vão doer novamente.
Se ainda pretendo lançar meu livro?
De verdade, não sei.
À você que tanto usou isso como forma de ameça, boa sorte.
Espero mesmo que você cumpra suas metas e objetivos e que seja feliz e realizada como sempre me disse que seria e é com o coração limpo que desejo isso. Levou um certo tempo, mas eu desaprendi a odiar. Eu fico aliviada por sentir e saber que se um dia eu quiser retomar tudo isso, será por mim e não por ninguém mais. 
Independente de colocar minhas produções no papel, eu afirmo que grandes coisas estão por vir. Coisas maiores do que qualquer disputa, qualquer concorrência, qualquer mágoa.

A árvore eu já plantei, o livro já está escrito…

Com a graça de Deus, em breve estarei comemorando essa chegada!

Raquel NúbiaImagem8

“Ponto&Vírgula” – Post 07

Sobre aquela que um dia tirou o meu sorriso

Dia desses estava lendo meus textos “antigos”, desde o início do Blog… Não consegui ler todos, mas passei por muitos. Curioso como cada um deles me trouxe uma memória, alguns me levaram exatamente para o momento de sua criação, reacenderam sentimentos, alegrias, perdas mas, acima de tudo me mostraram que consegui sair do lugar. Consegui me mover.
Em algumas passagens me via tão absorvida pelas questões que me cercavam, lutando contra um sentimento ruim que brotava dentro de mim, direcionado a pessoas que eu nem conhecia tão bem, mas que, com seus atos odiosos, despertavam em mim meu pior lado.
Hoje não mais.
Na verdade, hoje penso em como teria sido se eu tivesse tido a oportunidade de tratar todas aquelas coisas de modo mais direto, falando diretamente com quem me direcionava tanta ira, falando abertamente. Mas essa oportunidade me foi negada e nem posso culpá-la por isso, pois quem me pediu cautela na tratativa de tanto alvoroço nem foi ela…
Quantas vezes a odiei sem fim!
E sim, era ódio mesmo! Naquele nível que nos transforma e revela o pior de nós. Quando reflito, nem sem porque senti tanto, com tamanha proporção, pois as ações dela contra mim se resumiram em um amontoado de palavras amargas que projetavam em mim seus próprios medos e suas próprias frustrações, afinal o objeto real de seu ódio lhe foi tirado repentinamente e como, provavelmente odiar quem um dia se amou tanto pode ser muito difícil, inconscientemente ela decidiu odiar o que mais personificava sua dor: alguém melhor e mais feliz.
Não é curioso como personificamos em algumas pessoas os nossos piores sentimentos? E, em algumas vezes, essas pessoas são apenas um estandarte, uma representação que carregam características que nós colocamos nelas e que, nem sempre elas realmente tem.
Claro que ninguém fica satisfeito recebendo ataques, sendo assediada e tendo pessoas queridas sendo assediadas também a troco de nada. Talvez meu advogado tenha ficado satisfeito quando o procurei com provas suficientes para uma causa ganha! Mas logo ficou insatisfeito quando eu desisti de acionar a justiça. Não valeria a pena. Nada que tira a minha paz, vale.
Hoje me sinto melhor por conseguir revisitar esse recorte do meu passado sem sentir tanta coisa ruim. Às vezes sinto, ainda mais quando penso em tudo o que não foi dito, mas nada que me impeça de seguir com coração mais tranquilo.
Não sei se um dia a gente ainda vai se esbarrar por aí… Impressionante como cidades tão pequenas ficam tão grandes quando nossos ciclos se encerram. São as mesmas ruas, pessoas e lugares, mas alguns rostos nunca mais aparecem! E, se um dia chegar esse momento de, novamente estarmos no mesmo lugar ao mesmo tempo, não sei qual será a minha reação.
A única certeza que tenho é que, independente do que aconteça, de qual comportamento e sentimento será despertado, sei que sua origem será o meu lugar seguro de sempre, que me guiou naqueles tempos e que me guia ainda hoje, ao qual recorro sem medo de errar: meu coração.
Um coração que ainda que remendado, empoeirado e tantas vezes descompassado, não deixa de bater pelos meus passos certos.

Raquel Núbia

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“Ponto&Vírgula” – Post 06

Alguém me ouve? Tem alguém aí?
Aparentemente se a gente não quiser exatamente o que a outra pessoa quer, não adianta. Nem que você dê soluções, alternativas, a busca por um meio termo simplesmente parece não existir. Aí o que você faz? Desagrada você para agradar o outro ou desagrada o outro para agradar você? A gente tem mesmo vontade de um monte de coisa, mas a vida deve ser feita de concessões… Difícil mesmo é quando você dá tantos passos pra frente mas eles nunca parecem ser suficientes, pois enquanto você engatinha, o outro precisa de passos ágeis, e quando você aprendeu a andar rápido, os outros querem que você corra.
Infelizmente muitas coisas acontecem apenas para nos mostrar que tudo o que pode ser muito fácil, tende a ser muito difícil. E que, geralmente, todo o esforço que empregamos em algo, tende a ser esquecido na primeira curva.
É, verdadeiramente, desanimador.
Em alguns casos, ou é de determinado jeito ou não é de jeito nenhum, mesmo que estejamos dispostos a encontrar soluções, de coração aberto e com muita boa vontade.
Eu acredito que toda reação emocional intensa, advém de um sentimento também intenso, ainda que guardado. E, quando me deparo com qualquer reação dessas, apenas me questiono ainda mais qual sua origem? O que não está sendo dito?
Fica muito difícil lidar com encruzilhadas assim, ainda mais quando somos deixados no meio do caminho, à deriva em nossos próprios pensamentos, indagando o que fizemos de tão errado para merecer tudo isso, quando tudo o que estávamos tentando era encontrar uma saída que atendesse aos desejos de todos. Proporcionando a satisfação destes para um, sem provocar o desgaste no outro.
Será que é mesmo tão difícil compreender que cada um possui um limite e que o que é uma barreira para um pode não ser para o outro e vice e versa?
Será que é tão complicado enxergar que aquilo que pedimos e propormos pode não ser apenas fruto de um capricho, mas sim algo que evitará um grande desconforto?
Ao meu ver, erramos quando acorrentamos o outro e exigimos posicionamentos que o outro não está pronto para nos dar. Por que há tanta ofensa quando pontuamos o que nos desagrada sem nem mesmo prejudicar a satisfação alheia?
Eu me questiono.
Sinto que precisamos fazer muito para que seja suficiente e muito pouco para que tudo seja colocado no limbo. Devemos ser nada menos do que perfeitos, abraçar a demanda do outro como nossa e colocar nossos desejos no bolso, pois caso contrario a sala ficará vazia e o barulho da rua nos fará companhia.
Eu sei fingir. Muitas pessoas sabem.
Poderíamos sim assumir esse papel. Mas, há necessidade? Existem tantas opções e caminhos mais acertados do que apenas se recolher!
É muito frustrante sentir esse tipo de padrão de comportamento vindo de tantos lados.
Vai além da frustração, é triste.
 
Raquel Núbia
 
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“Ponto&Vírgula” – Post 05

Em um mundo com tantas inspirações, respirar é preciso

Todo esse discurso de auto aceitação é muito lindo, muito necessário e tem sido muito discutido e divulgado, entretanto há uma grande diferença entre um discurso e sua ação prática.
Existem tantas histórias inspiradoras, de pessoas que lideram mudanças e atuam como multiplicadores de uma nova ideologia. Mas o que é “inspiração”?
Não sei quanto a vocês, mas eu acredito sim no poder do estímulo, entretanto a decisão do quanto esse estímulo ou “inspiração” vai modificar o comportamento ou pensamento do sujeito, está unicamente nas mãos desse indivíduo.
Claro que, quanto mais exposição a fatores de inspiração positiva, maior a probabilidade de que esse fator atue efetivamente para uma mudança positiva, porém se a mudança não ocorrer internamente, não já inspiração que baste e seja suficiente.
Eu, particularmente, tenho um pouco (leia-se muita) dificuldade de “comprar” esse discurso, esse lifestyle.
Geralmente as pessoas recorrem muito a argumentos ligados a “mantras” do tipo: “basta se dedicar”, “quem quer, consegue” e coisas do tipo.
Eu não poderia discordar mais!
Às vezes não basta querer. Às vezes não basta dedicação. Às vezes a vida exige muito mais do que isso! E esse discurso que coloca tanta responsabilidade e poder sobre o sujeito pode ser uma fonte inesgotável de frustração!
A gente costuma aprender muito cedo que a vida não é justa e quase nunca divide as coisas boas que distribui em partes iguais (eu, pelo menos, aprendi isso faz um tempo). Essa divisão nem sempre depende de nós. Algumas sim, mas nem todas.
A gente pode oscilar muito entre os desejos, objetivos e a quantidade de esforço que estamos dispostos a fazer e essa variação está atrelada a uma infinidade de motivos.
As pessoas se motivam de diferentes formas e dispõem de diferentes recursos.
Nem sempre uma foto ou uma história emocionante bastam para causar uma mudança interior. Aliás, “uma história” ou a história de uma minoria (minoria aqui como grupo em menor quantidade, no geral) não deve ser tomada 100% como exemplo, como regra geral.
Se aquela minoria/pessoa conseguiu algo, seja lá o que foi, isso pode significar que, sim, você também pode conseguir ou que talvez você não consiga, ou ainda pode não significar nada! E tudo bem!
T-u-d-o B-e-m!
Eu não tenho que conseguir apenas porque alguém conseguiu, fazer porque alguém fez, buscar superação porque alguém se superou e, principalmente, eu não preciso querer apenas porque o outro quis.
E falo tudo isso na primeira pessoa porque é algo que eu preciso aprender e, talvez, você também.

Vamos parar só um momento para analisar:

De tudo o que nos dedicamos, das nossas metas, do quanto buscamos, quantas coisas condizem com a nossa verdade? O que é real?
De todas as nossas frustrações, chateações, dos desânimos que sentimos, quantos são advindos dessas coisas que não são nossas?
São muitos imperativos usados hoje em dia.
São muitas frases de efeito.
São muitas exceções se tornando regra.
A gente não “tem que” nada!
Você não “tem que” inclusive ler esse texto até o final ou concordar com o que eu escrevo.
A gente deveria mesmo era se comprometer com os nossos desejos originais, estabelecer nossos limites e lembrar sempre que somos nós que fazemos essas definições. E que possamos fazer da melhor forma possível e de maneira responsável.
Mas, voltando no primeiro parágrafo desse texto:

Todo esse discurso de auto aceitação é muito lindo, muito necessário e tem sido muito discutido e divulgado, entretanto há uma grande diferença entre um discurso e sua ação prática.

Sendo assim:
Faça o que você quiser, do jeito que quiser.
No final, a gente é cobrado de qualquer forma e às vezes somos julgados também.
Que, frente a isso, sejamos justos com os outros e com a gente mesmo.
O meu querer não é o seu.
A minha motivação não é a sua.
As minhas dificuldades não são as suas.
A minha vida não é a sua e a sua vida não é de mais ninguém.
Recorrendo ao mesmo imperativo que critiquei ainda agora: Escolha quem VOCÊ quer ser e seja.

Raquel Núbia

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“Ponto&Vírgula” – Post 04

Dos dois lados da mesa

Como profissional da área de saúde mental, é tão comum falar sobre ansiedade… Perco a conta de quantas pessoas me falam que estão se sentindo ansiosas, que seu maior defeito é a ansiedade, etc, etc, etc…
Sendo Psicóloga e conhecendo algumas das teorias que podem explicar essa desordem, é muito claro suas possíveis origens, como se desenvolve, seus sintomas, como pode afetar a vida do sujeito e quais os caminhos para ser superada.
Entretanto, antes da Psicóloga, já existia uma pessoa. E ainda que eu já tenha aprendido a lidar com minhas mazelas, elas não deixaram de existir, apenas se apresentam de maneira mais amena (algumas vezes) e, quando aparecem, fica menos difícil agir sobre elas.
Estando dos dois lados dessa mesa, como Psicóloga e cliente, o que posso dizer é que não é fácil, não é mesmo?
Não é impossível, mas pode ser difícil.
Nossa mente pode ser tão traiçoeira que espanta o que ela pode nos aprontar. Criando teorias, possibilidades, relembrando coisas de um passado distante que nem mesmo conseguimos saber se o que lembramos é realmente algo real ou algo que só existe em nossas memórias.
Mas, como já disse um velho bruxo “Claro que está acontecendo em sua mente (…) mas por que isso significa que não é real?”… Pode ser real sim, e muito.
Essa ansiedade tão insistente pode nos apontar nossos principais defeitos, fraquezas, nos lembrar nossos erros, das pessoas que nos magoaram, as coisas que queríamos dizer mas, de alguma forma, não conseguimos. E isso tudo acontece em forma de avalanche!
Como e possível que exista alguém que possa dizer que essas coisas não existem se eu as sinto latente quando meu coração dispara, mesmo que eu esteja sã e salva no frescor da minha sala com ar condicionado?
E falar em coração acelerando não é uma metáfora… É real, com ausculta médica, com laudo, pedido de exames pra investigar o porque de tal taquicardia. É real, com eletrocardiogramas, com médicos interrogando qual tem sido meu estresse atual em busca de uma razão já que nada fisiológico é capaz de explicar.
E a gente acaba ficando com raiva da gente mesmo, por ser capaz de racionalizar tudo e ainda assim não ser capaz de manter o controle. Por ser capaz de saber a insignificância dos fatos e pessoas e ainda assim se deixar afetar por eles, ainda que momentaneamente. Tantos gatilhos…
Como eu disse anteriormente, não é fácil e em alguns momentos pode ser quase insuportável, mas não é impossível. A gente consegue.
Só precisamos nos lembrar de que nada dura pra sempre. Por pior que seja o momento de ansiedade, ele passa. Por mais que demore, que seja intenso e sufocante, ele passa.
Sempre passa.
Basta aprender a esperar e nos fortalecermos para enfrentá-lo na próxima vez que resolver das as caras.
Seguimos em frente.

Raquel Núbia

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“Ponto&Vírgula” – Post 03

A difícil arte da “escolha”

As pessoas que sofrem de ansiedade, depressão, ciclotimia entre outros transtornos do humor sabem muito bem como é viver com esse sintoma.
O que, para uns, é uma tarefa comum, feita e repetida inúmeras vezes por dia, para aqueles acometidos por estas doenças é um trabalho hercúleo: escolher algo.
E aqui eu não me refiro á escolhas que realmente necessitam de grandes reflexões e análises como por exemplo, mudar de emprego, terminar um relacionamento, fazer uma viagem cara. Aqui eu me refiro a decisões corriqueiras como a roupa que se vai vestir, o que comer e aonde ir com os amigos entre tantos outros exemplos que poderia citar.
Eventualmente todos sentimos essa indecisão, não se preocupe, se você não consegue decidir se vai comer churrasco ou comida japonesa, porque á um grande diferencial entre a dificuldade de escolha considerada “normal” e a considerada sintoma.
Sabe qual é?
O sofrimento.
Na vida de um ansioso, depressivo, a dificuldade de escolher não vem somente da dúvida entre as opções, mas sim de uma infinidade de variáveis que são analisadas na velocidade da luz dentro de uma cabeça que parece que não vai conter tantos pensamentos.
Não se trata apenas de escolher um restaurante para sair em uma sexta a noite, mas sim de percorrer a possibilidade de:
“Será que eu consigo encontrar uma roupa que fique legal, talvez não consiga arrumar meu cabelo, e se chegar no restaurante marcado e não tiver mesa? Para onde poderemos ir? Se for, o que vou comer, afinal estou tentando me alimentar melhor e estar em um local com tantas tentações pode não ser fácil. E se eu tomar uma cervejinha hoje e quiser tomar outra amanhã? Vai prejudicar meu plano alimentar. Será que vai dar tempo de fazer meus exercícios antes de sair? E se não for legal lá e eu quiser vir embora, o pessoal vai ficar chateado… Eu trabalho tanto, quase não fico em casa, mas também quase não saio justamente porque trabalho muito. E tem a questão do dinheiro… Será que esse jantar não vai estourar meu orçamento? Vai que acontece um imprevisto no mês e eu fico sem dinheiro! Melhor ficar em casa. Mas meus amigos querem tanto ir… Como faço pra não ir sem chatear as pessoas? Etc, etc, etc…”

“Simples” assim.
Esse fluxo constante pode impedir que a escolha seja feita e não apenas porque a pessoa é indecisa, mas sim porque ela está realmente incapaz de decidir. E quanto mais ciente ele está deste incapacidade, mais angustiante é a situação, como num ciclo crescente.

Sendo assim, paciência.
Se você é a pessoa que vive esta situação, tente pensar racionalmente sobre todas as dúvidas que passam pela sua cabeça. Tente encontrar soluções racionais para seus questionamentos. Por exemplo: “Se estou com receio de estourar meu orçamento, posso separar a quantia que poderei gastar e, ao chegar no restaurante, garantir que ficarei dentro desse limite. Se eu não conseguir fazer todos os meus exercícios antes de sair, posso compensar na próxima vez em que me exercitar e etc.”
A princípio não será fácil.
Mas isso é uma questão de treino, tentativa, erro e acerto.
O importante e não desistir, apenas descansar quando for preciso.
Agora, se você percebe esse comportamento em alguém próximo, tente estimular aos poucos para que a pessoa consiga tomar pequenas decisões e fazer pequenas escolhas.
Caso perceba que esta pessoa está se sentindo sobrecarregada, tente fazer alguns ajuste para ela.
E saiba que pressionar uma decisão jamais será o melhor caminho.

Abraços,
Raquel Núbia

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“Ponto&Vírgula” – Post 02

Postei essa reflexão ontem no meu stories no Instagram e como tive muita resposta lá, achei que seria válido publicar aqui também:

É preciso ter sabedoria para filtrar tudo o que ouvimos.
O que as pessoas nos dizem e a forma como falam dos outros nos diz muito sobre elas mesmas, pois o discurso de uma pessoa geralmente vem carregado daquilo que a pessoa traz dentro de si. Por isso é preciso ficar atento.
Aqueles que somente julgam, falam mal de outras pessoas e apontam defeitos sem intenção de melhoria, estão sinalizando sua essência na forma de se comunicar.
Se elas não tem pudor de falar dessa forma com você sobre outras pessoas, certamente não terão pudor de falar DE você para os outros.
Então, preserve sua saúde mental e fique SEMPRE atento ao QUE você diz e a COMO diz e mantenha atenção ao que você escuta e permite entrar na sua vida.

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Abraços,
Raquel Núbia

 

 

“Ponto&Vírgula” – Post 01

Conforme postei aqui, pretendo inserir alguns conteúdos sobre saúde mental no Verba Volant. Quem já me acompanha sabe que sou Psicóloga mas, devido a vivências particulares, tenho também uma visão de paciente e é isso que gostaria de compartilhar com vocês, leitores. Algo entre explicações conceituais, aconselhamento e também meus relatos pessoais que podem ser comuns a tantas outras pessoas.

Entretanto, visando agrupar todas as propostas do blog, sem descaracterizar o propósito principal que é literário, proponho uma diferenciação dos posts.
Para isso, criei um menu lateral chamado “Ponto&Vírgula” onde todos os posts sobre o tema serão agrupados por meio de uma categoria/tag, facilitando as pesquisas. Dessa forma, basta clicar na categoria/tag do menu para visualizar somente as postagens deste projeto.
Outra diferenciação será o modelo adotado para as postagens, já que estas serão formatadas de maneira específica e não serão ilustradas com fotos próprias e outras nem mesmo serão ilustradas.

Além disso, o título virá sempre sinalizado com “Ponto&Vírgula” e o número da postagem, conforme este post.

Por que “Ponto&Vírgula”?

Essa simbologia é referente ao “Project Semicolon” (Projeto ponto e vírgula) iniciado em 2013 por Amy Bleuel e se trata de uma organização sem fins lucrativos que funciona como uma iniciativa “anti-suicídio”.
O projeto visa apresentar esperança para aqueles que estão lutando com depressão, suicídio e auto-mutilação. Esta iniciativa utiliza a tatuagem do símbolo de ponto e vírgula como uma forma de solidariedade entre pessoas que estão lidando com doenças mentais ou com a morte de alguém por suicídio, incluindo pessoas de diferentes crenças e religiões.
O símbolo é utilizado pois, na literatura, ele é empregado quando o autor podeira escolher terminar sua sentença com o ponto final, mas escolheu não o fazer. O autor é você e a sentença é a sua vida.

Deixei suas oportunidades de melhoria e sugestões nos comentários ou entre em contato comigo por e-mail!

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Novo menu!

Abraços,

Raque Núbia