Os tombos pelas estradas da vida

Passa dia, volta dia e vez ou outra o ponteiro cai de novo.
São horas a fio girando os pedais para fazer a roda girar mas depois das descidas à solto e das subidas difíceis as pernas adormecem e pedalar não é mais tão fácil assim.
Os pedais param e a bicicleta cai.
Sabe Deus quantas vezes esfregamos a poeira da roupa, sopramos os joelhos ralados e voltamos a nos equilibrar sabe se lá porque.
Mas em alguns dias os machucados doem mais e as penas simplesmente desobedecem. Não é que o corpo não segue as ordens da mente… É que até a cabeça quer parar.
Nessas horas nos recostamos na calçada e assistimos aos outros passarem, sozinhos, em bandos e imaginamos se vamos encontrar forças para alcança-los.
Assentados ali, num canto de asfalto, não há ninguém que compreenda porque paramos e há aqueles que ao nos verem tombar, optam por não enxergar, por não se envolver.
E então, sem mais nem menos, voltamos a pedalar… Sem vontade, sem esforço, seguindo um caminho que já está traçado. Evitando abrir novas trilhas. Afinal, sem desejo, pouco importa para onde vamos.
Seguimos apenas porque nos disseram que temos que ir.

Raquel Núbia

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Foto: Leandro Oliveira – Tiradentes/MG

 

7 respostas para “Os tombos pelas estradas da vida”

      1. O escritor sempre escreve para si próprio…às vezes, a forma deixa transparecer aos outros o que realmente passou pela mente; em outras, gera o mistério e a nova interpretação…quando a gente escreve sobre sentimentos próprios por meio de poesia, sempre há um pouco de medo misturado, e o resultado final é um enigma que poucos tem perspicácia de decifrar…parabéns!

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