Das convenções do cotidiano

Desde que engravidei tenho tido muitos aprendizados sobre coisas que ninguém fala a respeito da gravidez em si. Geralmente o que a gente escuta se refere às maravilhas das experiências de gestante e de como todos os obstáculos valem a pena quando seu bebê nasce.
Mas… Não é bem assim. E algumas situações que tenho vivido demonstram bem como algumas pessoas tem a tendência de romantizar situações que são ruins como se isso enaltecesse o fato de termos conseguido supera-las, como se somente sofrendo fôssemos capazes de ser recompensados, como se não houvesse “final feliz” sem um caminho tortuoso e que esse caminho é justificável, afinal do outro lado nos espera uma grande realização.
Eu discordo totalmente!
Outro dia me disseram que sentirei falta dos enjoos e vômitos diários pelos quais passei nos três meses de gestação. Me desculpe, mas não sentirei não!
Me disseram que as dores nas costas são apenas um sinal de que o bebê está crescendo… Eu sei, mas essas dores doem!
O que é ruim é real e eu não vejo motivos para amenizar o que me incomoda como justificativa para ser feliz ao final dos 9 meses. Tem muita coisa boa nesse processo, muita mesmo! Mas tem muita coisa ruim também…
Essa romantização tende a nos fazer aceitar situações que não precisamos aceitar e esses exemplos que citei acima relacionados a gestação são apenas um recorte.
Nos dizem que aceitar mal humor do chefe é normal, que nos submeter a tradições familiares com as quais não concordamos é normal… mas não é. Não é normal, sofrer pelos desajeitos do namorado, dos pais. Não é normal sentir dores de cabeça, nas costas, tomar remédios para suportar a ansiedade e a pressão do trabalho. Simplesmente não é.
Não podemos crer que seja. Precisamos saber o valor e o custo real das coisas e das situações para não nos subordinarmos ao que é desnecessário e ao que custa nossa saúde física ou mental.
Analise.
Preste atenção.
E não se submeta.

Raquel Núbia

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12 respostas para “Das convenções do cotidiano”

    1. Infelizmente isso é muito comum… E se fazemos diferente, somos cobrados por isso, como se fôssemos fracos.

      Acho tudo isso uma insanidade.
      Principalmente a dificuldade das pessoas de compreender que cada um passa pelas coisas de forma diferente…

      Obrigada pelo comentário.

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  1. Olá Raquel, já passou da hora da sociedade entender e aceitar que cólicas menstruais, TPM e todos os sintomas da gravidez não são frescura. O bem estar da mulher, também faz parte da saúde da mulher e o pior disso tudo é que boa parte dos nossos “algozes” são outras mulheres que poderiam se solidarizar por ter passado por experiências similares.

    Forte abraço

    de uma barriga para outra.

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    1. Com certeza!
      Dificulta um pouco também o fato de que as próprias mulheres que vivenciam isso, costumam esconder o lado ruim, fazendo parecer que, quem se manifesta é fresco, não é?!

      Muitas coisas que tenho vivido neste período eu só descobri vivendo, porque outras amigas grávidas não comentavam ou se queixavam… Um exemplo corriqueiro: não gosto que passem a mão na minha barriga e deixo isso claro, me esquivando e falando abertamente às pessoas. Uma amiga que engravidou há uns anos também não gostava, mas só comentava isso comigo e quando alguém passava a mão na barriga dela, ela deixava porque ficava “sem graça” de se manifestar, ou seja, quem passa de doida sou eu!

      Cada um sabe de si, mas penso que a gente precisa ser mais honesto e sincero com o que sentimos, mesmo que isso nos coloque em uma posição de afastamento em relação aos outros…

      Abraço!

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