“Ponto&Vírgula” – Post 11

Conviver com um transtorno mental que envolve a oscilação do humor de forma inesperada numa flutuação que envolve a mania (“felicidade”) e a depressão (“tristeza”) é andar permanentemente numa corda bamba, sujeito à situações e sentimentos que nem sempre fazem sentido. É se questionar o porquê de resultados iguais se as ações são diferentes, o porquê das repetições, o porquê das voltas.
Conviver com transtorno mental é sentir que o controle não está nas suas mãos, que as coisas não dependem de você e que, por mais que façamos a nossa parte, em alguns momentos precisamos soltar os remos e deixar o barco seguir o fluxo das águas.
Tudo isso pode soar comum, pode soar cliché e ordinário, as situações assim são conhecidas por tantos, afinal todos na vida desfrutam dos dias de luta e dos dias de glória. A diferença é que o transtorno mental é uma amarra que te torna o responsável pela irresponsabilidade que te assola quando ele te desanima.
E veja só … Eu que sento dos dois lados da cadeira, como paciente, como profissional e me arrisco como escritora, ainda assim me vejo perdido em mais uma tentativa frustrada de relatar o indizível, de expressar em letras e palavras o que é sentir o corpo e o coração pedindo algo e ter que obedecer a mente que incapacita, anula e mantém com ela infinito de culpa, cobrança e punição.
Conviver com um transtorno mental que envolve a oscilação humor de forma inesperada numa flutuação que envolve a mania (“felicidade”) e a depressão ( “tristeza”) é se forçar a entender que num dia somos árvores frondosa, que dá frutos, alimenta, acolhe com sua sombra, dando refrigério aqueles que precisam de abrigo, mas que também podemos ser apenas os galhos secos, que se agarram numa raiz comprometida, sugando o que ainda resta do solo. na esperança de florescer de nova.

Raquel Núbia

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